segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SOBRE ZAGALLO E FORREST GUMP - 80 ANOS

Em 2006 eu enviei um imeio ao Mauro Cezar Pereira, da ESPN, que havia dado umas traulitadas no Velho Lobo. Acho que ele não leu. Nesse texto eu dizia, sem mudar uma vírgula:


Mauro Cezar, parabéns pelo seu texto. Você não é o primeiro a ter a coragem de expor o que muitos pensam sobre o “Velho Lobo”, mas há algum tempo não via alguém tocar nesse assunto. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que reconheço o amor que Zagallo tem pelo futebol e, principalmente, pela Seleção Brasileira. Na idade em que se encontra, e já tendo ganhado tudo, poderia curtir a família e a glória. Mas a cada um suas escolhas.
Não há comparação entre Telê e Zagallo. Basta ver seu retrospecto em clubes. Zagallo não conquistou um título sequer de expressão com treinador de clube. Telê foi um caso raríssimo de técnico ídolo em todos os times que treinou.
E na Seleção? Zagallo não é o único tetracampeão mundial?
De fato. Como Forrest Gump, Zagallo sempre “estava lá”. Nos dois títulos como jogador, era reserva e ganhou duas vezes a posição de Pepe, muito superior. Em 70, herdou o cargo de João Saldanha e, a bem da verdade, mexeu no time e resolveu o problema de escalar vários jogadores que, a rigor, não poderiam atuar juntos. Taticamente revolucionária, a Seleção do Tri pode ser comparada a outra “coqueluche” da época: os Festivais da Canção. Hoje sabemos que uma espetacular geração de artistas é que fez daqueles eventos um enorme sucesso, e não o contrário. Como os pífios festivais dos anos 80, as Seleções de 1974, 1996 (olímpica) e 1998 foram decepcionantes. Ou seja: quando teve o time na mão, com tempo para prepará-lo a seu critério, Zagallo não ganhou nada. Como? Medalha de Bronze? Ora, em futebol no Brasil e basquete nos EUA só um resultado interessa: Campeão, o resto é último. Em 78 e 86, ficamos invictos. Em 74 e 98 perdemos dois jogos em sete, nesta última com duas “conquistas” inéditas: viramos fregueses da Noruega e sofremos a ÚNICA derrota por mais de dois gols de diferença em toda a nossa participação em Copas.

Bem, passados cinco anos eu mudaria muito pouco neste texto. Não acho mais que só quando se é campeão é que está bom. Penso hoje que, se o futebol brasileiro fizer algo próximo do nosso vôlei, ou seja, estiver sempre no pódio, merece todo o nosso aplauso. Faltou também explicar que a comparação com Forrest Gump também se deveu à insistência de Zagallo em exaltar seus recordes e nunca lembrar das vezes em que quebrou a cara, como se isso não fosse algo normal em qualquer ser humano.

Zagalo na Copa de 70.
Goste eu ou não, "tenho que engolir": Zagallo é um grande nome da história do futebol brasileiro e, consequentemente, do mundial. Parabéns pelos seus 80 anos, Velho Lobo (e "xará")!

Mas, cada vez que eu vejo o Zagallo ser homenageado, mais eu sinto saudades do Telê Santana.

Telê na Copa de 82.

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